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terça-feira, 3 de janeiro de 2017

OBRAS DE MISERICÓRDIA


Visitei variados lares e, nesses, a disposição dos figurantes é quase sempre a mesma: sentados em cadeiras mais ou menos confortáveis, dispostas em semicírculo, a televisão ligada a descrever e transmitir doenças e o respectivo calcitrinho para a sua cura. Os utentes, de cabeça caída uns, outros gemendo a invocar a presença de alguém que os ajude e, muitos, de olhar vazio num passado que deles se apossou.
Se eu conseguisse mobilizar a minha energia para me associar a um grupo de voluntários, em equipas de dois ou três, de preferência jovens, para periódica e sistematicamente visitar esses lares e tentar animar os seus utentes?!
Supostamente, não serei original, e com um motor de busca procurei na internet grupos com perfil para responder ao preenchimento do vazio de muitos lares. Encontrei muitos grupos de voluntariado, mas nenhum me pareceu corresponder às necessidades identificadas. Para a solidariedade com os animais, encontrei a disponibilidade de muitos jovens.
Abri um sítio que me pareceu o indicado, o duma instituição de renome, que na ficha de inscrição se definia:
1.Objetivo Geral: Promoção da autonomia do utente
2.Função: Acompanhamento Personalizado do Idoso
Fiquei animado, por pensar ter encontrado, finalmente, parte do que procurava, mas logo a seguir, na mesma ficha de inscrição podia ler-se
3.Tarefas a desenvolver pelo(s) voluntário(s): Acompanhar os utentes à capela e no regresso à sala.
Caí em mim.
Nem a criação de grupos para acompanhar os utentes dos lares à sua última morada deve precisar da formalização de equipas de voluntariado. Faz parte das Obras de Misericórdia Corporais (7ª.Enterrar os mortos).

Vou entendendo o silêncio a uma carta por mim dirigida ao Presidente duma Associação Social Paroquial, após a minha saída da vida profissional e autárquica, disponibilizando-me, em regime de voluntariado, para fazer qualquer tarefa ou desempenhar funções no âmbito das obras sociais dessa mesma paróquia. Já lá vão uns anos.

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