Com alguma nostalgia, quis recordar, em tarde amena de
agosto e descontraído passeio, locais marcantes da minha infância, o quintal e
o espaço vazio da casa onde nasci, a fonte dos rolos, coberta de silvas, onde
num cântaro ao ombro se ia buscar água para matar a sede em casa, o pinhal
onde, numa alcofa ou em feixe, ia em busca de caruma, pinhas ou cavacos secos
para à lareira cozinhar o jantar e a ceia, a escola onde para aprender mais
depressa, eu e alguns dos meus amigos, levávamos pesadas reguadas nas palmas
das mãos, vermelhas, a torre do sino onde, às vezes, tocava as trindades, a
igreja onde me batizaram, assistia à missa, fiz a primeira comunhão, a comunhão
solene e fui crismado, o seu adro onde brinquei ao arco, ao botão, à macaca e
ao pião, e o cemitério onde descansam em paz, entre outros, os meus saudosos
parentes.
-Agora, não, mas teria morrido de susto.
Ressuscitou o fantasma que colonizou a minha infantil e
débil estrutura mental. - Estou à vossa espera.
O pavor em passar junto ao cemitério, quando tinha que ir à
lenha, aproveitando para brincar ao escorrega, assolava-me a alma dos pés à
cabeça.
Em memória e sinal de respeito, é preciso aliviar os nossos
mortos do peso sufocante de tanta pedra útil para a construção de abrigos para
muitos dos vivos, nossos semelhantes.
-Fantasia minha?!
Uma cascata, uma árvore, um banco e uma flor. A ouvir o
vento que passa.